MATERNAGEM NO CÁRCERE: DISTANCIAMENTO DOS FILHOS E REDE DE APOIO DE MÃES PRIVADAS DE LIBERDADE
DOI:
https://doi.org/10.16891/2317-434X.v13.e5.a2025.id2233Resumo
O significativo aumento do encarceramento feminino e os atravessamentos atrelados a esse fenômeno exigem uma maior discussão sobre as questões relacionadas a esse grupo social. Objetivou-se compreender a rede de apoio para o cuidado dos filhos das mulheres mães que estão em situação de cárcere e o enfrentamento da separação devido ao encarceramento. Trata-se de um estudo qualitativo, envolvendo dez mulheres em situação de cárcere que possuíam filhos menores de 15 anos com convivência intra ou extramuros. As falas foram transcritas e sistematizadas pela técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Evidenciou-se que as mães em situação de cárcere convivem com sentimentos que estão atrelados à dor da separação, à culpa e aos impactos que o cárcere provoca no cotidiano dos filhos. Nessa perspectiva, ao se ver impedido de cuidar dos filhos e diante das limitações para exercer a maternagem, o sujeito coletivo precisou transferir a responsabilidade do cuidado com os filhos para a sua rede de apoio, a qual está centrada nos familiares da criança. Assim, a maternagem e o cárcere se tensionam devido às próprias barreiras impostas pela ordem prisional, dificultando a interação com a rede de apoio social e afetivo, bem como a manutenção da díade mãe-filho.